quarta-feira, 9 de setembro de 2015

SABENDO CONSTRUIR


Quantas vezes, ao fazer uma retrospectiva (e nem precisamos olhar muito para trás), vemos que as coisas não saíram exatamente como planejado, do jeito que almejamos.

Isso é muito comum. Comum, porque geralmente não calculamos variáveis externas, e muitas vezes não tomamos as medidas corretas, dia após dia, para alcançarmos esse objetivo.

Esse é um grande mal enraizado na vida de muitos. Muitos sonham, vislumbram, acreditam e até enxergam lindas conquistas, sem se dar conta que a construção do futuro se dá com um bom alicerce no presente e com tijolo a tijolo, colocados a cada dia.

Somos colocados no mundo quais “pedreiros”.

Precisamos, portanto, realizar a manutenção de nossas ferramentas cuidando para que estejam em condições de nos atender nessa edificação:

- O esquadro da retidão, do caráter, da disciplina e do bom senso. O esquadro que liga o terrestre ao espiritual (horizontal com o vertical), cuidando para que todas as nossas ações se dêem como ELE faria;

- O prumo do equilíbrio, que não nos permite deixar levar pelas emoções ou pela excessiva razão. Um prumo que sirva de alerta para quando não estamos agindo de acordo, em retidão. 

- O martelo ou marreta para tirar as camadas desnecessárias, para quebrar paradigmas, para derrubar muros que se coloquem à frente tentando obstruir o caminho. Um martelo que ajuda a dar forma à uma pedra bruta, amolecendo nosso coração e nos tornando flexíveis.

- A trolha, ou colher de pedreiro, que serve para pegar a “massa divina” composta por amor, sabedoria, força, justiça, etc. e revestir nossas paredes, tampar nossas brechas, fortalecer nossa estrutura. E que também alisa a massa colocada, tirando todas e quaisquer arestas ou ondulações. Que torna nossos relacionamentos ainda mais afetuosos, nossa modo de agir ainda mais cativante.

- O compasso que não só nos permite enxergar numa visão de 360°, como a ver o mundo nesse mesmo ângulo. Um compasso que nos faz envolver plenamente com o Espírito de DEUS. Que nos faz ser a forma perfeita de SUA criação.

E, quais pedreiros, conheçamos bem o terreno em que se erguerá a edificação. Façamos um sólido alicerce, fortalecendo com vigas e colunas. Atentemo-nos para as variáveis de clima e temperatura, antecipando-nos a possíveis surpresas. Calculemos cuidadosamente todo o material a ser empregado para que não falte e nem haja desperdício. Enfim, que possamos tornar nosso futuro uma bela representação do que almejamos em nosso presente!



Que o GRANDIOSO CRIADOR seja contigo e em ti, hoje e em todos os teus dias!


F.I.M. – Fraternidade de Iluminadores do Mundo

Como elogiar no trabalho sem ser "bajulador"

REVISTA VOCÊ S/A                                                       25/01/2013 09:55


São Paulo - Nos jogos políticos que acontecem todos os dias no trabalho, ninguém quer ser visto como puxa-saco, embora elogios e reconhecimentos sejam trocados a todo tempo. o bajulador, pessoa que tece elogios interessados e desprovidos de sinceridade, é visto da pior maneira possível. A ciência, porém, mostra que, fantasiada de elogio, a bajulação funciona muito bem nas empresas e ajuda seus autores a progredir na carreira.
Uma das últimas pesquisas relacionadas ao tema, feita no ano passado por ithai stern, da Kellogg school of Management, e por James Westphal, da Universidade de Michigan, ambos dos Estados Unidos, oferece mais dados à discussão. os dois professores entrevistaram 42 presidentes de companhias americanas para descobrir quais táticas de elogios são vistas, pela alta liderança, como influência positiva (e não como manipulação pura) e conseguiram mapear sete estratégias de amabilidades mais bem-aceitas (veja quadro Malícias Discretas).
Os pesquisadores também descobriram que os presidentes olham positivamente os funcionários que possuem a habilidade de elogiar sem exagerar e que esses profissionais são mais promovidos e mais disputados por concorrentes.
A ciência também identificou que a bajulação nem sempre é mal-intencionada. segundo uma análise feita por steven H. Appelbaum, professor da Concordia University, de Montreal, no Canadá, sobre 36 estudos relacionados à adulação estratégica, o comportamento puxa-saco pode ser espontâneo ou premeditado, pode ser sincero ou não.
Mas, a despeito da intenção, o elogio funciona porque encontra na outra pessoa uma espécie de disposição para ser agradada, que, por sua vez, produz um desejo de retribuir. Nos estudos de comportamento, escreve Appelbaum, isso se chama "reciprocidade social". simplificando, o profissional elogia o chefe, o chefe retribui com uma promoção.
De acordo com os pesquisadores, a habilidade de bajular sem ser notado é mais desenvolvida em profissionais de áreas como vendas, marketing e direito, e mais difícil de ser encontrada entre engenheiros. Trata-se de uma questão de hábito: em algumas funções, a bajulação elegante faz parte do trabalho e, ao praticá-la cotidianamente, a pessoa acaba pegando o jeito.
Outra pesquisa, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, comprova a teoria ao demonstrar que consumidores caem mesmo na lábia de vendedores capazes de fazer o elogio correto aos clientes. Se duvidar, tente comprar uma calça. Se a moça da loja for boa, ela irá dizer que o modelo é perfeito para alguém refinado. Talvez você fique convencido e compre a calça. Se ela for ruim, dirá que a calça ficou ótima em você, mesmo em caso de desconforto evidente. Quando vendedores elogiam bem, segundo o estudo chinês, as vendas aumentam.
O sentimento positivo que a bajulação benfeita provoca na "vítima" não ocorre apenas no alto escalão ou entre chefe e subordinado. A habilidade de criar laços por meio dos elogios interfere, também, no relacionamento entre colegas. É o que sugere uma pesquisa divulgada na revista médica americana Journal of Basic and Applied Social Psychology que mostra que uma pessoa tende a ser mais receptiva a um pedido de favor logo depois de ter sido elogiada por um vizinho de baia. De acordo com os estudiosos, as respostas positivas aumentam de 50%, numa situação normal, para 79% após uma bajulação.
Antes de sair bajulando por aí, é importante tomar cuidado com os danos que a imagem profissional pode sofrer caso você seja identificado como um puxa-saco. "Quem só elogia para conseguir um benefício pessoal em troca é identificado rapidamente como manipulador", diz Paulo Campos, consultor do LAB SSJ, empresa de treinamento corporativo, de São Paulo.
Como qualquer transgressão ética no trabalho, a bajulação leva a uma condenação sumária. Talvez o puxa-saco não seja demitido, mas terá muita dificuldade de se livrar da pecha. Além do rótulo negativo, ser identificado como bajulador faz com que o profissional seja associado a uma pessoa de baixo desempenho, que faz de tudo para se manter no emprego. E aí o risco aumenta. "As empresas sérias têm desprezado pessoas com esse perfil para não perder a competitividade", diz Alfredo Behrens, professor de gestão multicultural, da Fundação Instituto de Administração (FIA), de São Paulo.
Existe uma fronteira delicada entre o que é um elogio sincero e o que é uma bajulação. Conhecer esse limite pode ajudar na próxima vez que sentir vontade de dizer uma coisa agradável ao chefe. "Louvores sinceros são uma vontade de estabelecer laços de confiança e reciprocidade", diz Paulo Campos, do LAB SSj. Esses vínculos, no entanto, não precisam ser formados de maneira artificial. É possível desenvolvê-los com base na qualidade do trabalho. "Falar para o chefe que você pode executar bem determinada tarefa é muito mais eficaz do que elogiar a gravata", diz Behrens, da FIA.
Outra condição importante para que um elogio seja bem recebido é construir um relacionamento sólido com o chefe. E isso requer tempo e depende, principalmente, de ter resultados para apresentar. "É preciso desenvolver empatia com o chefe", diz Renata Ribeiro, consultora de recursos humanos do Grupo Empreza, de São Paulo.
"A empatia pode ocorrer porque uma pessoa é bem-educada e agradável, mas é consolidada, de fato, quando você sabe que pode confiar plenamente naquela pessoa." Na relação entre líder e subordinado, confiança significa a certeza de que a tarefa será entregue. Caso pretenda elogiar o chefe sem ter cumprido seu trabalho, o agrado vai soar falso.
"Sem confiança, a percepção de um elogio é negativa", diz Ana Cristina de Boer, diretora executiva da consultoria empresarial Choicest, de Porto Alegre. E não se engane: os chefes percebem quando há sinceridade. "Demonstrações de identificação de pensamentos só dão certo quando a relação entre os profissionais é sólida", diz Erundino Diniz, diretor-geral da LSM, metalúrgica multinacional, que no Brasil tem sede em São joão Del Rey, Minas Gerais.
Caso um profissional de bom desempenho, com uma relação de confiança estabelecida com o chefe, queira deliberadamente elogiar, ele ainda precisará fazer uma leitura correta do ambiente. Só assim é possível entender se o chefe dá abertura para congratulações, se aquele é mesmo o melhor momento para esse tipo de atitude e qual é a melhor abordagem.
Ninguém pode prescindir de uma boa relação com o chefe. Mas, em vez de adular, o ideal é ter paciência para estabelecer pontos reais e consistentes de afinidade. Melhor, sempre, manter a sinceridade e se fazer notar naturalmente pelo trabalho.
Vou ou não vou?
Quatro questões envolvidas no ato de bajular
Por quê 
O que motiva a vontade de adular. A pessoa está com desempenho baixo? Quer conquistar uma promoção? Clareza de objetivo ajuda a analisar se é hora de elogiar.
Relação custo-benefício 
O bajulador calcula se o elogio vai colar. Ou seja, o risco de parecer puxa-saco será compensado por uma promoção?
Vítima 
É preciso medir quanto o chefe ou o colega está suscetível a cair na armadilha. Se o bajulador 
não tem certeza de que o elogio soará sincero, melhor não fazê-lo.
Situação 
A ocasião faz o bajulador. Deve-se avaliar o humor do chefe, a cultura da empresa para a troca de elogios e as pessoas que estão em volta ouvindo o elogio mal-intencionado.

domingo, 14 de junho de 2015

Aperfeiçoar as relações entre a polícia e os cidadãos é um desafio

Desde a nova ordem constitucional pós-ditadura, é possível citar dezenas de casos de violência e abusos praticados por policiais

Por: Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo*
Aperfeiçoar as relações entre a polícia e os cidadãos é um desafio Ronaldo Bernardi/Agencia RBS
Pelotão BOE, da Brigada Militar, com novos equipamentosFoto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

* Sociólogo, coordenador do PPG em Ciências Sociais da PUCRS e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Os eventos que denotam a persistente incompatibilidade das nossas estruturas policiais para atuar em democracia parecem não ter fim. Desde que ingressamos em uma nova ordem constitucional pós-ditadura, é possível citar, de memória, dezenas de casos de violência e abusos praticados por policiais. A polêmica em torno da mensagem encaminhada por um Tenente-Coronel da Brigada Militar (que, diante de demanda de proteção policial contra assaltantes, encaminhada por jornalistas que cobriam um movimento de ocupação cidadã do espaço público no Parque da Redenção, sugeriu que chamassem o Batman, já que naquela hora “cidadãos de bem” não deveriam estar naquele local, e os que lá estavam “não gostavam da polícia”), traz novos contornos e possibilidades interpretativas para a compreensão de uma mentalidade policial que se constitui em uma barreira para a efetivação do direito à segurança pública.

Uma polícia capacitada e valorizada é elemento chave para a prevenção ao delito e a melhoria da sensação de segurança da população. Estabelecendo vínculos de confiança com a comunidade, coletando provas para o esclarecimento de crimes e a responsabilização de seus autores, administrando conflitos de proximidade e reprimindo facções armadas que dominam territórios, a polícia tem sido protagonista em países que tiveram sucesso na redução da violência. Na base dessas experiências, o reconhecimento da necessidade de reformas para aumentar o controle e a transparência da atividade policial.
No Brasil, experiências deste tipo têm sido vivenciadas desde meados dos anos 90, como os Grupamentos de Policiamento em Áreas Especiais, liderados pelo Tenente-Coronel Antônio Carlos Carballo Blanco, da PM carioca, e os diversos projetos de policiamento comunitário. Também no Rio Grande do Sul tivemos tentativas importantes de modernização das relações da polícia com a sociedade, como a aproximação com a Universidade promovida pelo secretário José Eichemberg, ou os cursos de formação integrada promovidos pelo secretário José Paulo Bisol. Buscava-se a sensibilização dos policiais para as demandas específicas por segurança e garantia de direitos de grupos sociais vulneráveis, como a comunidade LGBT, jovens negros e moradores de periferia, mulheres vítimas de violência e trabalhadores sexuais.
Apesar do esforço e do voluntarismo de alguns, as experiências inovadoras esbarram em uma cultura policial voltada ao combate e à supressão do “inimigo”. Fruto de um longo histórico institucional, que tem na sua origem a constituição de forças policiais em uma sociedade colonial e escravocrata, o caráter autoritário e violento das relações entre a polícia e determinados grupos sociais no Brasil foi reforçado, ao longo do período republicano, pela utilização da polícia como instrumento de governo para a repressão da dissidência política, durante o Estado Novo e a ditadura instaurada em 64.
Depois de quase três décadas de construção democrática, o resultado é que temos, de um lado, uma sociedade mais complexa e diversificada, em que diferentes grupos e movimentos buscam direitos e reconhecimento, pretendendo ingressar em um espaço de cidadania que historicamente é acessível apenas aos detentores de privilégios. De outro lado, instituições policiais que ainda mantém uma estrutura arcaica, derivada da combinação de um modelo burocrático-cartorário com o militarismo no combate ao inimigo.
Não surpreende, portanto, que diante da falta de planejamento e de políticas consistentes de prevenção ao delito e redução da violência, da carência de estrutura, de valorização profissional e de efetivo, e pressionada por uma opinião pública cada vez menos tolerante com a insegurança pública, alguns policiais reajam explicitando uma mentalidade que simplifica a complexa realidade e separa a clientela em “cidadãos de bem” e “vagabundos”. Os primeiros, mais idealizados do que reais, merecem a atenção e o respeito dos agentes do Estado, embora devam mais obediência do que sejam merecedores de um efetivo serviço público. Aos segundos, o tratamento é o que ao longo da história a polícia brasileira foi orientada a oferecer aos subcidadãos: permanente desconfiança, abuso de autoridade, práticas violentas de obtenção de “confissões” e sujeição pela criminalização ou a sua ameaça.
Ultrapassar este cenário um tanto desolador nas relações entre as polícias e a cidadania no Brasil tem sido o desafio colocado para governantes e gestores da segurança desde a redemocratização. Passar a limpo um passado de arbítrio e discriminação, e compreender que a melhor forma de lidar com a diferença e a complexidade social é a incorporação de todos aos direitos de cidadania, talvez seja a lição que ainda mereça ser repetida nas academias de polícia. Sob pena de continuarmos sendo reprovados no mais elementar quesito da vida coletiva em democracia: o respeito ao outro e à diferença. Não queremos o Batman, mas uma polícia cidadã.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

MATAR POLICIA É CRIME HEDIONDO

BRASÍLIA - O Senado aprovou na tarde desta quinta-feira projeto de lei da Câmara, de autoria dos líderes Leonardo Picciani (PMDB-RJ) e Carlos Sampaio (PSDB-SP), que transforma em crime hediondo e agrava de 1 a 2/3 a pena de quem praticar homicídio ou lesões corporais graves de agentes de segurança no exercício da função, e seus parentes até terceiro grau. Estão nesse grupo integrantes do sistema prisional e das forças de segurança nacional que forem vítimas de homicídio praticado por grupos de extermínio.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Estresse e comprometimento com a carreira em policiais militares

Estresse e comprometimento com a carreira em policiais militares

Stress and career commitment of military officers


Paloma Lago Marques de Oliveira; Marúcia Patta Bardagi *
Universidade Luterana do Brasil - Santa Maria - RS



RESUMO
Esta pesquisa desenvolveu um estudo comparativo dos níveis de estresse e comprometimento na carreira de policiais militares de Santa Maria (RS), divididos de acordo com a função desempenhada: atendimento do 190 (pelo telefone), serviços administrativos e policiamento ostensivo. Os instrumentos foram um questionário sociodemográfico, uma Escala de Comprometimento com a Carreira e um Inventário de Sintomas de Estresse para adultos, respondidos por 75 participantes, homens e mulheres entre 22 e 44 anos. Verificou-se que 57,3%dos participantes apresentaram sintomatologia de estresse e que as mulheres apresentaram maior severidade nos sintomas. Os funcionários administrativos apresentaram maior comprometimento com a carreira do que os demais grupos. Estes resultados confirmam que a atividade militar se insere em um contexto de vulnerabilidade e indicam que, quanto maior o risco envolvido, menor é a segurança em relação à carreira. Assim, tornam-se fundamentais propostas de intervenção que favoreçam as estratégias de enfrentamento.
Palavras-Chave: Estresse, Comprometimento, Policial militar.

ABSTRACT
This research investigated stress and career commitment levels in military officers from Santa Maria (RS),divided in groups according to area: officers from 190 (emergency number), those from administrative activities and those from ostensive work. Instruments were a demographic questionnaire, a Career Commitment Scale and a Stress Inventory for Adults. Participants of the study were 75 policemen of both sexes, whose ages were between 22 to 44 years. Results showed that 57% of participants had stress symptoms and women had more severe symptoms. Administrative officers had higher career commitment than the other groups. These results confirm that military work is a context of vulnerability and indicate that higher risk is associated with lower career commitment. This study emphasizes that interventions promoting the development of coping strategies are important.
Keywords: Stress, Commitment, Military officer.



Os estudos sobre estresse têm ganhado crescente atenção social e também nos meios acadêmicos da Psicologia, pois se verifica que, em diversas áreas de atuação profissional, este pode se tornar um grave problema. Particularmente, pode-se perceber que o estresse no trabalho vem crescendo muito na literatura cientifica nos últimos anos. Uma razão para esse aumento diz respeito ao impacto negativo do estresse ocupacional na vida dos trabalhadores e no funcionamento geral das organizações (Paschoal e Tamayo, 2004), em especial em profissões que envolvem risco de vida e que, ao mesmo tempo, são vitais para o funcionamento da sociedade, como no caso da polícia militar.
Inicialmente, é necessário entender a definição de estresse, uma vez que o termo é comumente utilizado para descrever uma gama variada de situações e sensações. Embora sejam inúmeras as definições e perspectivas de entendimento que existem sobre estresse, uma conceituação comumente utilizada tanto em âmbito internacional quanto no contexto brasileiro é o de Selye (1936, apud Lippe Malagris, 2001, p. 279), segundo a qual “o estresse é uma reação do organismo com componentes psicológicos, físicos, mentais e hormonais, que ocorre quando surge a necessidade de uma adaptação grande a um evento ou situação importante”. O termo estresse tem sua origem na física e é entendido como o grau de deformidade que uma estrutura sofre, quando é submetida a um esforço. A partir desse conceito, Selye (1936, apud Limongi-França, 2002), criou o modelo clássico trifásico de estresse e o descreve como o conjunto de reações que o organismo sofre, quando é colocado em uma situação que vai exigir esforços de adaptação para enfrentá-lo (Limongi-França, 2002). A síndrome de adaptação geral, descrita por Selye, se dá primeiramente por uma reação de alarme que é dividida em duas fases: a de choque e a de contrachoque. Na primeira ocorre
um efeito nocivo sobre os tecidos e caracteriza-se, por exemplo, pela redução da temperatura do corpo e pela diminuição da pressão sangüínea. Já a segunda diz respeito ao aumento do córtex adrenal e a uma elevação das secreções adrenocorticais, produzindo aumento da pressão sangüínea e da temperatura do organismo” (Limongi-França, 2002, p. 56).
De acordo com a perspectiva clássica de Selye, o estresse seria dividido em três fases: alerta,resistência e exaustão. A fase de alerta ocorre quando o indivíduo entra em contato com seus estressores. O organismo perde o equilíbrio interno no momento em que se prepara para enfrentara situação para a qual precisa se adaptar. As sensações desagradáveis, aqui, são importantes para que o organismo possa reagir (Lipp, 2003). A fase de alerta, para Lipp (2000), caracteriza-se por ser um estresse positivo que vai deixar a pessoa mais motivada para a ação. Na segunda fase, a de resistência, a recuperação se dá, quando o organismo consegue resistir ao estressor através da adaptação, o que leva ao reequilíbrio; há, nesta fase, uma desaceleração do estresse. Porém, se a pessoa não consegue o equilíbrio interno, o processo de estresse pode resultar no início da fase de exaustão. Nessa fase,ocorre um maior comprometimento físico sob a forma de doenças (Lipp, 2003). A fase de exaustão é considerada a pior fase do estresse, a fase mais negativa. Nessa fase, ocorre um grande desequilíbrio interno, na qual a pessoa pode ficar incapacitada de tomar decisões e de se concentrar. Recentemente,após 15 anos de pesquisas, foi identificada uma outra fase do estresse, chamada de quase-exaustão.Dessa forma, se propôs um modelo quadrifásico de estresse que expande o modelo clássico trifásico,desenvolvido por Selye em 1936 (Lipp, 2000). O estresse se processaria, então, em quatro fases:alerta, resistência, quase-exaustão e exaustão. Na fase de quase-exaustão aumenta a vulnerabilidade às doenças, se há maior intensidade, concomitância e freqüência dos agentes estressores e o corpo sofre desgaste excessivo na tentativa de recuperar a homeostase.
Para Lipp e Tanganelli (2002), várias complicações podem aparecer como resposta a situações estressantes como, por exemplo: distúrbios no ritmo cardíaco, arteriosclerose, insônia, enfarte, cefaléias, derrame cerebral, úlceras, gastrite, doenças inflamatórias, colite, problemas dermatológicos, tensão muscular, problemas sexuais, como a impotência e a frigidez, entre outros. Já com relação aos sintomas psicológicos encontram-se: impossibilidade de trabalhar, irritabilidade excessiva, pesadelos, apatia, depressão, angústia, ansiedade, perda do senso de humor, entre outros (Lipp, 2000). Além de saber as fases do estresse, é importante saber de onde ele vem. Pode-se dizer que existem estressores tanto externos quanto internos. As situações que vivenciamos no dia-a-dia, tanto na vida pessoal como no trabalho, e as pessoas com as quais nos relacionamos, podem se configurar em agentes estressores externos. Os estressores internos seriam as nossas crenças, nossos valores, características pessoais e a forma como interpretamos as diferentes situações (Lipp, 2003).
Especificamente, as fontes ocupacionais do estresse têm sido enfatizadas na literatura. Com relação aos aspectos ambientais estressantes no âmbito do trabalho (eventos estressores), estariam, por exemplo, chefia intransigente e autoritária, condições físicas inadequadas de trabalho, colegas de trabalho pouco colaborativos ou excessivamente competitivos, carga horária excessiva, entre outras situações (Rangé, 2001a). Para o autor, “qualquer situação geradora de um estado emocional forte, que leve a uma quebra da homeostase interna e exija alguma adaptação, pode ser chamada de um estressor” (Rangé, 2001b, p. 280). Segundo Range (2001b), no que se refere ao estresse ocupacional, é muito comum que a empresa, enquanto instituição, também se encontre “estressada”. Uma pessoa que se estressa no trabalho pode contaminar todos os colegas e, aos poucos, todos os funcionários passam a estar estressados. O estresse ocupacional deriva de várias fontes, que podem estar relacionadas às condições e ambiente de trabalho ou decorrentes do próprio indivíduo, como características pessoais e interpretações que o indivíduo faz acerca das situações. Ainda para Rangé, algumas profissões são muito mais suscetíveis ao estresse do que outras, como as profissões de professor, policial militar, bancário e a de executivo.
Segundo Limongi-França (2002), o estresse no trabalho se refere a uma situação na qual a pessoa vê seu local de trabalho como ameaçador à sua necessidade de crescimento pessoal e profissional ou à sua saúde física e psíquica, prejudicando, assim, sua relação com o trabalho, à medida que este trabalho se torna muito excessivo para a pessoa ou esta não possui estratégias adequadas para lidar com a situação. No entanto, é preciso considerar que o estresse não advém apenas de eventos negativos, há eventos positivos que também vão representar uma carga emocional considerada excessiva como, por exemplo, uma promoção ou a mudança de cidade, em função das responsabilidades e conseqüências para a vida pessoal que representam. Nesse sentido, o estresse ocupacional é considerado uma relação particular entre o indivíduo, seu ambiente de trabalho e as demais situações à qual está submetido; que vai ser avaliada pela pessoa como uma ameaça ou algo que exija demais das habilidades que a mesma tem para enfrentar a situação (Limongi-França, 2002). Para Lipp e Malagris (2001, p. 483), “o estresse ocupacional pode gerar impacto para o próprio trabalho do indivíduo e para todas as outras áreas da sua vida, na medida em que há uma inter-relação entre todas elas”. O estresse pode ser considerado como um risco que se associa de formas variadas a todos os tipos de trabalho, podendo prejudicar assim a saúde e o desempenho dos trabalhadores (Sampaio e Galasso, 2002).
Atualmente, por exemplo, o burnout é considerado um dos construtos mais estudados no âmbito das relações entre estresse e trabalho. Uma das mais influentes definições de burnout foi desenvolvida por Maslach e Jackson (1986, apud Limongi-França, 2002), que se refere a ele como uma síndrome que se caracteriza por três aspectos: exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal e profissional. No processo de exaustão emocional, o profissional tem uma sensação de esgotamento, falta de energia e uma sensação de que não irá se recuperar. A despersonalização é caracterizada pelo distanciamento emocional do profissional com aquelas pessoas que entram em contato com ele e com as atividades que desempenha, em que ficam freqüentes a frieza, indiferença e insensibilidade em relação ao trabalho, com sentimentos e atitudes negativas. Por último, a realização pessoal e profissional fica extremamente comprometida. Por último, a realização pessoal e profissional fica extremamente comprometida. O seu trabalho perde o sentido e existe um sentimento de inadequação. Como conseqüência, ocorre uma queda na auto-estima, que pode levar à depressão (Limongi-França, 2002). Freudenberger e Richelson (1980, apud Limongi-França, 2002) apresentam o burnout como fruto da situação do trabalho, principalmente para aqueles profissionais que trabalham em contato com outras pessoas. Para os autores, o burnout
é a resposta emocional à situação de stress crônico, em função de relações intensas de trabalhocom outras pessoas ou de profissionais que apresentem grandes expectativas com relação aosseus desenvolvimentos profissionais. Porém, em função de diferentes obstáculos, não alcançamo retorno esperado (Limongi-França, 2002, p. 50).
É importante deixar claro que burnout não é a mesma coisa que estresse ocupacional. O burnout é o resultado de um longo processo, de várias tentativas, de lidar com o estresse ocupacional. A avaliação dos níveis de estresse geral pode indicar a maior ou menor vulnerabilidade do indivíduo à síndrome de burnout e suas deletérias conseqüências. Da mesma forma, a definição de estresse ocupacional não é clara na literatura, para a qual a correspondência entre eventos do trabalho e sintomatologia não é definida. Desta forma, a avaliação geral de estresse, tal como foi feito neste estudo, permite a indicação das condições gerais de saúde do indivíduo e de seu risco de desenvolvimento de outras complicações; a associação entre estresse e trabalho pode se dar por meio da mediação de outros fatores, como o comprometimento com o trabalho e variáveis contextuais como tempo de serviço, área de atuação, entre outros.
Segundo Muchinsky (2004), o estresse no trabalho geralmente envolve fatores afetivos, sendo que a insatisfação no trabalho é a mais comum. As relações entre estresse e comprometimento no trabalho são bastante enfatizadas na literatura internacional. Para Spector, (2003, p. 221). “a satisfação no trabalho é uma variável que reflete como uma pessoa se sente com relação ao trabalho de forma geral e em seus vários aspectos”. Para Muchinsky (2004, p. 301), “refere-se ao grau de prazer que um funcionário sente com seu cargo”. Os autores costumam apontar o efeito mediador do comprometimento sobre a percepção de estresse. O comprometimento com a carreira é um correlato da satisfação com a profissão e é um construto comumente utilizado para avaliar a satisfação e outros aspectos do comportamento vocacional de adultos já inseridos no mundo profissional (Oliveira, 1998). Os autores costumam descrever o comprometimento como um sentimento de identificação psicológica do indivíduo coma profissão (Bastos, 1992, 1994), as atitudes que ele toma em benefícios de sua profissão ou vocação (Blau, 1985) e o apego e estabelecimento de metas a longo prazo em relação à carreira, que ultrapassariam aspectos contextuais, como a ocupação específica ou a remuneração (Oliveira, 1998).
Os estudos empíricos utilizam o construto comprometimento como variável dependente em relação à idade, tempo de trabalho, estado civil, gênero, locus de controle, entre outros, e como preditor de aspectos como a rotatividade organizacional, o absenteísmo e a intenção de pedir demissão (Bastos, 1994; Blau, 1985). Nesse sentido, é possível pensar que indivíduos mais comprometidos com o seu trabalho avaliem as situações difíceis ou desafiadoras de forma mais positiva e estejam menos vulneráveis à desorganização provocada por elas. Por outro lado, indivíduos menos comprometidos e identificados com seu trabalho e profissão podem ter menor tolerância a situações desagradáveis e difíceis no trabalho, sucumbindo mais facilmente ao estresse.
Várias pesquisas (Lipp e Tanganelli, 2002; Maciel, 1997; Proença, 1998; Rosa, 2003; Silva,2003; Soares, 1990), vêm sendo feitas para avaliar o estresse em diversas categorias profissionais.Pode-se encontrar trabalhos sobre estresse ocupacional entre juízes, professores, policiais militares,executivo, atletas, jornalistas entre outros. Estas pesquisas têm enfatizado duas áreas especificas:uma que se refere à ocupação profissional e outra que diz respeito aos efeitos do estresse na ontogênese das doenças (Lipp, 2004).
As análises realizadas pela ótica de gênero, em sua maioria, apontam que as mulheres apresentam um maior nível de estresse em relação aos homens. Uma pesquisa feita pelo Centro Psicológico de Controle de Estresse em São Paulo, por exemplo, com cargos de chefia de empresas, apontou que 38% dos homens apresentavam sintomatologias de estresse em relação a 46% das mulheres. Com relação a estudantes, na época do vestibular, verificou-se que 38% dos homens e 45%das mulheres encontravam-se na fase de estresse (Calais, Andrade e Lipp, 2002).
Embora as atividades policiais e militares sejam identificadas como vulneráveis ao estresse,não existem muitos estudos específicos com amostras deste tipo. Uma pesquisa realizada por Silva (2003), avaliando o estresse em policiais militares do 3° BPM de Cuiabá, mostrou que mais de 50%dos pesquisados se encontravam na fase de resistência. Outra pesquisa, realizada na cidade de Natal, constatou que 47,4% dos policiais militares apresentavam sintomatologias de estresse. Neste estudo, dos 47,4% policiais com estresse, 3,4% encontravam-se na fase de alerta, 39,8% na fase de resistência, 3,8% na fase de quase-exaustão e 0,4% na fase de exaustão. Sintomas psicológicos foram registrado sem 76,0% dos policiais e sintomas físicos em 24,0%, sendo as mulheres as mais afetadas. Os sintomas psicológicos mais prevalentes foram: nervosismo, irritabilidade excessiva, raiva prolongada, cansaço excessivo, irritabilidade sem causa aparente e perda do senso de humor. Os sintomas físicos mais prevalentes foram mãos e pés frios, excessiva sudorese, tensão muscular, insônia, cansaço permanente, flatulência, falta de memória e doenças dermatológicas (Costa, Júnior, Maia e Oliveira, 2007).
De um modo geral, considera-se que a atividade exercida pelo policial militar é de alto risco, pois são profissionais que lidam diariamente com a violência e a brutalidade. Segundo a literatura, a profissão do policial militar é uma das que mais sofre de estresse, pois trabalha sob forte tensão, muitas vezes em meio a situações que envolvem risco de vida. (Costa et al., 2007). A principal função da polícia ostensiva, por exemplo, é o combate à criminalidade. Então, pode-se dizer que estes policiais lidam diretamente com a violência e, portanto, exercem uma atividade que envolve riscos à vida e à saúde, desencadeando, muitas vezes, um desgaste físico e psicológico, o que acaba por gerar estresse (Barcellos, 1999).
Segundo Amador (2000), outro aspecto importante do trabalho policial é que este não tem reconhecimento da sociedade, o que acaba por gerar sentimentos de frustração, inutilidade e improdutividade nos profissionais. Para Moraes, Gusmão, Pereira e Souza (2001), a insatisfação dos próprios policiais se evidencia através das greves e comportamentos violentos que ocorreram na última década. Tal insatisfação, somada ao não reconhecimento do trabalho policial, resulta em uma queda da auto-estima dos policiais, o que influencia na motivação e no comprometimento dos mesmos, propiciando, talvez, maior vulnerabilidade ao estresse e outros transtornos.
As atribuições das polícias militares são definidas nos artigo 144, parágrafos 5° e 6°, da Constituição da República Federativa do Brasil. A Brigada Militar é uma instituição que tem como principal função o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública. É uma instituição que pertence ao Estado e que se diferencia dos demais órgãos públicos por apresentar um regime de hierarquia e disciplina (Brigada Militar, 2007). Especificamente em Santa Maria, o 1° Regimento é responsável pelo policiamento ostensivo de Santa Maria e de mais 18 municípios, atendimento de emergência 190 e setores administrativos (P2).O policiamento ostensivo tem como principal função o combate à criminalidade, além da realização de barreiras, operação golfinho e operação nos presídios. O setor 190 tem como função o gerenciamento do efetivo empregado no policiamento ostensivo, centralização do recebimentos das chamadas, tanto da população como da própria brigada, e controle do despacho das viaturas. O P2 tem a função administrativa: é um setor de inteligência e investigação interna e externa da Brigada Militar, pois controla o gerenciamento das informações e realiza a análise das ocorrências (Brigada Militar, 2007). Estes grupos, focos de análise do presente estudo, compõem a maior parte do efetivo da cidade.
Após a revisão da literatura, percebe-se uma descrição de risco da atividade policial no desenvolvimento de estresse e uma possível atuação mediadora do comprometimento sobre esta variável. Embora se possa pensar que os profissionais mais comprometidos com sua carreira e satisfeitos no trabalho possam apresentar menor sintomatologia de estresse, não há estudos nacionais avaliando essas relações. Portanto, não existem dados específicos, no contexto brasileiro, avaliando o impacto da percepção do estresse sobre o comprometimento no ambiente de trabalho, especialmente no contexto policial. Ressalta-se ainda, que a maioria dos estudos avalia apenas os policiais que trabalham no policiamento ostensivo, não havendo muitas indicações entre as diferenças de acordo com a área de trabalho.
O presente trabalho procura contribuir para os estudos com referência ao tema das relações entre estresse e trabalho, a partir da coleta e análise de dados de um grupo de policiais militares. Nesse sentido, tem por objetivo avaliar os níveis de estresse ocupacional e comprometimento com a carreira entre policiais militares do 1° regimento da Brigada Militar de Santa Maria, RS. Especificamente, propõe-se a desenvolver um estudo comparativo em relação ao nível de estresse e comprometimento com a carreira e sintomatologia entre três grupos de policiais militares, divididos de acordo com a função (atividade interna - policiais que trabalham no 190 e policiais de serviços administrativos P2; atividade externa -policiais que trabalham no policiamento ostensivo), além de avaliar o impacto de aspectos como gênero e tempo de serviço nos níveis de estresse ocupacional e comprometimento. A comparação entre os dados coletados e o material já à disposição na literatura permitirá uma maior clareza na compreensão dos fatores que estão envolvidos no estresse e poderá facilitar a elaboração de estratégias para enfrentá-lo.

MÉTODO
Participantes
Participaram deste estudo 75 policiais militares do 1° Regimento da Brigada Militar de Santa Maria, divididos em três grupos: 26 policiais que trabalham no 190 (atividade interna, 84 % do total da Brigada), 7 policiais que trabalham em atividades administrativas (setor P2, atividade interna, 63%do total da Brigada) e 42 no policiamento ostensivo (PO, atividade externa, 30% do total da Brigada).Os participantes foram homens (70,7%) e mulheres (29,3%), com idades entre 22 e 44 anos (M = 33,8;DP = 6,6), que exercem sua função há pelo menos um ano (M = 11,9; DP = 7,2).
Instrumentos
Para coleta de dados, os instrumentos utilizados foram:
  1. Questionário sociodemográfico, construído especialmente para o estudo, com a finalidade de obter dados relevantes, tais como: sexo, idade, tempo de serviço e ocupação (atividade interna ou externa).
  2. Escala de Comprometimento com a Carreira (Blau, 1985, adaptada para o Brasil por Bastos, 1994): a Escala de Comprometimento com a Carreira (Blau, 1985) é um instrumento de sete itens, em formato Likert de cinco pontos, com avaliação somatória, no qual o participante aponta o quanto as afirmativas refletem o modo como se sente em relação à carreira. Os itens enfatizam a certeza do sujeito sobre a escolha e aborda a intensidade do desejo de permanecer na atividade escolhida ao invés de abandoná-la. Blau (1985) desenvolveu esta medida de comprometimento com a carreira com vários estudos de validade e bom índice de confiabilidade da escala (Alphade Cronbach de 0,87). Estudos nacionais confirmam a clareza do conceito descrito pelo autor, sua unidimensionalidade e a qualidade psicométrica da escala (Bastos, 1994; Oliveira, 1998). Neste estudo, mesmo com um número pequeno de sujeitos, o instrumento demonstrou boa consistência interna (Alpha de Cronbach), com índice de 0,80.
  3. Inventário de Sintomas de Stress para Adultos – ISSL (Lipp, 2000): o ISSL tem sido utilizado em dezenas de trabalhos clínicos na área de estresse. Ele identifica o nível de estresse e sua sintomatologia, avaliando se a pessoa possui sintomas de estresse, a natureza dos mesmos(se somáticos ou psicológicos) e a fase de estresse em que se encontra. O ISSL é composto de quatro fases: alerta, resistência, quase-exaustão e exaustão. Este instrumento, composto por 53 itens, destina-se a jovens e adultos acima de 15 anos. Neste estudo, a escala apresentou índice de consistência interna (Alpha de Cronbach) de 0,83 para a sub-escala de sintomas físicos e de 0,77 para a sub-escala de sintomas psicológicos.
Procedimento
A pesquisa acadêmica científica pauta-se sobre determinados princípios éticos, que visam assegurar a proteção do direito, bem-estar e dignidade dos participantes, bem como a finalidade e veracidade dos dados obtidos. No presente caso, buscou-se manter os requisitos de participação optativa e anonimato, assim como manter o comprometimento da não manipulação dos dados. Este estudo teve um delineamento empírico correlacional. Primeiramente, foi solicitada autorização do comando da Brigada Militar de Santa Maria para a realização do estudo. Após a aprovação do estudo pelo Comitê de Ética da universidade, foi realizado o contato com o capitão do regimento para o recrutamento de voluntários para participar da pesquisa. Em uma reunião de equipe, foram explicados os objetivos da pesquisa, além dos aspectos éticos sobre o sigilo e o caráter optativo da participação no estudo, bem como solicitada a autorização dos militares. Após o aceite, cada participante assinou um termo de consentimento livre e esclarecido e a coleta de dados foi realizada em pequenos grupos, nas dependências da própria instituição de trabalho, fora do expediente. Os instrumentos foram aplicados em ordem aleatória para cada grupo, sempre começando pelo questionário sociodemográfico. Após a conclusão da pesquisa, foi feita uma devolução dos resultados para a instituição, sob forma de relatório e encontros com os grupos participantes.

RESULTADOS
Os dados foram analisados estatisticamente, por meio do pacote SPSS 13.0. Inicialmente, os resultados apontaram, com relação aos níveis de estresse, que 57,3% dos participantes apresentaram sintomatologia de estresse, com 46,7% da amostra total na fase de resistência, 8% na fase de quase-exaustão e 2,7% na fase de exaustão. Não houve participantes classificados na fase de alerta. A Tabela 1 apresenta as freqüências percentuais de estresse em cada fase de acordo com gênero e área de atuação. A classificação geral do estresse de acordo com a área de atuação apontou 65,4% de funcionários com sintomas no grupo do 190(atendimento de emergência), 57,1% no grupo do policiamento ostensivo e apenas 28,6% no grupo do administrativo. Os percentuais de acordo com gênero mostraram 72,7% de funcionárias mulheres com sintomatologia de estresse contra apenas 50,9% de homens. É possível verificar que a maioria dos participantes, independente de gênero ou área de atuação, encontra-se na fase de resistência ao estresse.
Testes de associação Qui-Quadrado apontaram que não houve associação significativa entre a área de atuação e severidade do estresse (x2=6,76; gl=6; p<0,4). Já a associação entre gênero e estresse mostrou-se significativa, pois as mulheres apresentaram maior severidade nos sintomas e os homens, com maior freqüência do que elas, não apresentam sintomatologia (x2=10,59; gl=3; p<0,05). Testes de diferença de médias apontaram que as mulheres apresentaram maiores níveis, tanto de sintomas físicos e psicológicos, do que os homens (t=-2,36; gl=73; p<0,05; t=-3,43; gl=73;p<0,01). Análise de variância não apontou diferenças significativas no nível geral de estresse nos três grupos avaliados (p<0,2).
Tabela 1. Presença e severidade de estresse de acordo com gênero e área de atuação


A sintomatologia de estresse se manifestou, principalmente, por sintomas psicológicos (34,7%) com níveis menores de sintomas físicos (16%). Não houve associação entre gênero e prevalência de sintomas físicos ou psicológicos (x2;=7,03; gl=3; p< 0,07). A correlação positiva entre sintomas físicos e psicológicos foi de r = 0,75 (p<0,01), apontando que, quando há um tipo de sintoma, o outro também aparece com freqüência. A Tabela 2 apresenta os sintomas físicos e psicológicos mais freqüentes citados pelos participantes. Nenhum dos participantes apresentou o sintoma físico de hiperventilação.
Tabela 2. Sintomas psicológicos e físicos mais freqüentes


Ao analisar o comprometimento com a carreira (M=25,1; DP=5,73), verificou-se que, não houve diferenças entre os homens (média 25,49) e mulheres (média 24,36) nos níveis de comprometimento (t=0,77; gl=73; p<0,5). Houve diferença nos níveis de comprometimento entre os grupos de trabalho, nos quais os funcionários do P2 apresentaram maior nível de comprometimento com a carreira do que os demais (F(2,73)=3,47; p<0,05). Não houve correlação entre os níveis de comprometimento com a carreira e idade (r=0,09), tempo de serviço (r= 0,05) ou severidade do estresse (r= -0,08).

DISCUSSÃO
Este estudo buscou identificar os níveis de estresse e comprometimento na carreira em policiais militares, além de verificar a associação entre estas variáveis e outros aspectos pessoais e do trabalho como a área de atuação, tempo de serviço, gênero e idade. Com isso, pretendeu-se gerar informações que pudessem auxiliar tanto na compreensão do impacto da atividade militar para o bem-estar psicológico dos indivíduos quanto na construção de estratégias preventivas promotoras de saúde junto aos mesmos.
A análise dos dados revelou a presença significativa de níveis de estresse no setor do 190 e do policiamento ostensivo. É substancial o dado de que mais da metade dos participantes pesquisados tenham apresentado sintomatologia de estresse. No entanto, este resultado não é surpreendente, pois é presumível que o tipo de atividade e situações que estes grupos enfrentam, cotidianamente, como confrontação direta com a criminalidade e emergências, que eventualmente os expõem a riscos, em relação não só à sua própria vida e integridade física, como também a de terceiros, a princípio, os predispõem muito mais ao estresse do que atividades administrativas, por exemplo. Da mesma forma, o 190 lida com a tensão de atender emergências e coordenar todas as viaturas que estão em operação. Nesse sentido, a vulnerabilidade da atividade militar ao estresse, apontada neste estudo, já havia sido citada anteriormente na literatura (Amador, 2000; Costa et al., 2007). Ainda, pode-se pensar que outros aspectos ligados à organização do trabalho militar (como ambiente autoritário, centralização de decisões, carga horária excessiva, etc.) possam estar associados aos níveis de estresse encontrados, pois são freqüentemente citados na literatura como fatores ocupacionais do estresse (Rangé, 2001). No entanto, como não foram objeto de estudo nesta pesquisa, sugere-se em próximas investigações,que aspectos como estes sejam considerados.
É preciso salientar, entretanto, que houve predomínio na fase de resistência, na qual ainda é possível eliminar os sintomas e prevenir o agravamento do quadro. Desta forma, em se tratando de uma fase inicial de estresse (Lipp e Malagris, 2001), torna-se possível uma ação preventiva por parte da Brigada Militar, como objetivo de propiciar um melhor manejo das dificuldades percebidas e maior bem-estar físico e psicológico dos participantes. No entanto, se esses policiais não dispuserem de estratégias de enfrentamento para lidar com os estressores, o quadro de estresse pode avançar e chegar à fase de exaustão, na qual ocorre um desequilíbrio interior muito grande e começam a surgir doenças graves como pressão alta, úlcera, diabetes, ansiedade, depressão e até mesmo a incapacidade para trabalhar (Lipp, 2000).
Com base na literatura, entre as intervenções que podem ser eficazes para o manejo do estresse estão o desenvolvimento de um programa de diagnóstico, orientação e controle do estresse; a identificação dos estressores externos e internos, presentes no cotidiano dos policiais; a implementação de um programa de atividades físicas, que incluiria uma alimentação adequada, exercícios físicos regulares, técnicas de relaxamento, sono apropriado às necessidades individuais, repouso e lazer. Em resumo, um conjunto de intervenções que abranja o social, o afetivo e a saúde física dos profissionais (Costa et al., 2007; Limongi-França, 2002).
A sintomatologia de estresse se manifestou, principalmente, por sintomas psicológicos com níveis menores nos aspectos físicos, o que confirma outros estudos anteriores (Calais et al., 2002; Costa et al.,2007). A alta correlação entre os dois tipos de sintomas, no entanto, aponta para a manifestação global do estresse, atingindo tanto a saúde do corpo quanto a saúde mental. Os sintomas de estresse mais encontrados foram a sensação de desgaste físico constante, cansaço, tensão muscular, problemas com a memória, insônia, irritabilidade, sensibilidade emotiva excessiva e pensar constantemente em um só assunto. Tais sintomas de estresse revelam um quadro preocupante, pois podem prejudicar o desempenho das atividades desenvolvidas pelos policiais militares, gerando prejuízos para toda a sociedade. O impacto da falta de sono, do cansaço constante e da irritabilidade, especialmente em policiais que efetuam o policiamento ostensivo, é temeroso, considerando-se a necessidade de atenção e controle emocional no desempenho desta atividade. Desta forma, o controle do estresse é de fundamental importância.
Quanto às diferenças de gênero, os dados deste estudo são interessantes. Não houve diferenças quanto ao tipo de sintomas de estresse ou ao nível de comprometimento com a carreira. Esse último resultado mostra que a identificação com o trabalho é similar entre homens e mulheres, ao contrário do que se poderia pensar.Há uma idéia de que os homens estariam mais identificados com a carreira de policial militar, por esta exigir uma postura e atitudes tipicamente associadas ao masculino, como o confronto com a violência e mesmo a rigidez da disciplina militar. Porém, constitui-se, ainda, um universo predominantemente masculino, no qual o perfil policial está muito associado à masculinidade/virilidade (Cappelle, 2006). No entanto, os dados coletados neste estudo mostraram que as mulheres estão igualmente comprometidas com a sua carreira. Porém, por outro lado, houve maiores níveis e severidade de estresse entre as mulheres do que entre os homens.
Quanto à maior severidade do estresse feminino, esse dado é confirmado pela literatura, no qual as mulheres estariam mais vulneráveis ao estresse devido à dupla jornada de trabalho, pois à carreira profissional são somadas as atividades do lar (Rocha e Ribeiro, 2001). Ainda pode-se pensar, em se tratando das mulheres e na predominância masculina na instituição, que há uma conseqüente necessidade de maior esforço para o igual reconhecimento, bem como a necessidade de assumir traços característicos do universo simbólico masculino, além da já mencionada dupla jornada de trabalho, que tornam as mulheres mais suscetíveis ao estresse (Moraes, et al., 2001; Souza, Franco, Ferreira, Meireles e Santos, 2007).
Ao contrário do que se poderia imaginar, não houve correlação entre estresse e comprometimento com a carreira. Ou seja, mesmo aqueles que apresentaram maior nível de estresse mantinham um bom comprometimento com sua carreira. Talvez, em uma outra profissão, na qual não existissem tantos riscos e as pessoas tivessem maior segurança, o comprometimento com o trabalho teria uma relação inversamente proporcional ao nível de estresse (Bastos, 1994; Blau, 1985;Muchinsky, 2004; Spector, 2003). Porém, em se tratando de uma profissão que, por sua natureza, envolve riscos e tensões, o estresse não teve essa relação com o comprometimento. Esse dado mostra que todos estão vulneráveis ao estresse, independentemente de estarem ou não identificados com seu trabalho. Um resultado importante do estudo, entretanto, apontou maior comprometimento com a carreira entre o grupo do P2 (funcionários que exercem atividade administrativa) em relação aos outros. Aqui, talvez, os outros dois grupos, por estarem submetidos à maior tensão e riscos, não tenham tanta segurança da carreira ou possam considerar mais facilmente outras opções.
De forma geral, este estudo buscou enfocar, no âmbito da pesquisa, uma categoria que é de fundamental importância no meio social. Os resultados reafirmam a vulnerabilidade dos policiais militares ao estresse. Esse estudo identificou questões específicas que estão envolvidas no estresse, tais como os sintomas físicos e psicológicos mais freqüentes, o que possibilita a elaboração de uma intervenção adequada para estes grupos. Este estudo tem sua relevância, também, ao possibilitar um feedback para esta e outras instituições militares, gerando maior volume de informações sobre um contexto pouco estudado. No entanto, algumas limitações precisam ser apontadas. Inicialmente, seria desejável um maior equilíbrio no número de participantes entre os grupos, para uma maior representatividade dos dados. Embora quase todos do grupo P2 tenham participado do estudo, ainda assim é uma amostra muito pequena, o que prejudica a generalização dos resultados. Nesse sentido, há necessidade de estudos complementares a este, talvez de caráter qualitativo, para avaliar os recursos de enfrentamento que os funcionários utilizam e as percepções dos policiais sobre essas questões que envolvem o estresse e o comprometimento com a carreira. A partir dos resultados obtidos com essa pesquisa, ficou evidente que o estresse na profissão de policial militar é algo muito comum e que, portanto, alternativas de intervenção constituem um tema não só relevante como necessário a ser desenvolvido e pesquisado. Como sugestão, este estudo aponta que uma intervenção deveria ser realizada, tendo em vista tanto a saúde física como a psicológica, pois os sintomas apresentaram-se, todas as vezes, de ambas as formas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Blau, G.J. (1985). The measurement and prediction of career commitment. Journal of Occupational and Organizational Psychology, 58, 277-288.
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Limongi-França, A.C. (2002). Stress e trabalho: Uma abordagem psicossomática. In: Sampaio, J.R. & Galasso, L. (Ed.), Stress no mundo do trabalho: Trajetória conceitual.(pp. 54-71). São Paulo: Atlas
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Lipp. M.N. (2003). Stress. (5ª ed.). São Paulo: Contexto.
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Spector, P. (2003). Psicologia nas organizações. São Paulo: Saraiva.


Recebido em 2/06/08
Revisto em 9/10/08
Aceito em 12/10/2008


* Endereço para correspondência: Marucia Bardagi: Rua Guilherme Alves, 450/204. Jardim Botânico. CEP: 90680-000. PortoAlegre – RS. Fone: (51) 3308 5446 / 3333 7456. E-mail: marucia.bardagi@gmail.com.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

PREPARANDO UM CHIMARRÃO

Material necessário


  • Erva-Mate para chimarrão (opte pela erva mais verde)
  • Uma bela cuia
  • Uma bomba de prata folheada à ouro (caso não seja rico, pode ser um bomba comum mesmo)
  • Um aparador (pode ser uma tampa plástica lisa)
  • Uma térmica com água quente
  • Um copo de água morna

 
Obs: Apesar da erva "Terra Mate" ser boa, nós não estamos ganhando nada por fazer propaganda para ela.

Modo de fazer

  • Água
    • Esquente a água. O ponto certo é chamado de chiado, então, quando a chaleira começar a chiar ou tremer um pouco apague o fogo. Obs: Se a água esquentar demais vai queimar a erva e o chimarrão ficará ruim. Claro, você também irá queimar a boca. :-p
  • Colocando a erva na cuia
    • Despeje a erva na cuia até que cubra o pescoço (veja as fotos abaixo)

erva1erva2

Cevando o mate (termo gaúcho para o preparo do chimarrão)


  • Tampe a cuia com o aparador

Chimarrao 

  • Tombe a cuia de lado e agite na horizontal para posicionar a erva corretamente

erva1erva2
Obs: Não fizemos um filme para representar este passo. Tenha imaginação e veja o movimento.

  • Levante a cuia um pouco (em valores mais precisos + ou - 45 graus)
  • Retire o aparador vagarosamente e verifique se a erva ficou bem acomodada (veja fotos abaixo)

erva1erva2

Colocando a água


  • Pegue o copo com água morna e derrame vagarosamente a água pela parede da cuia. Obs: não utilize água quente porque pode estragar a erva. Alguns mais aventurados fazem esse primeiro com cachaça.

erva1erva2
erva3erva4 
Obs: Repare no pé do vivente. Sim, aquilo é uma Alpargata, um calçado típico do povo gaúcho. A dele já está bem surrada

Introduzindo a bomba


  • Pegue a bomba e tampe o bocal com o dedão

Chimarrao 

  • Coloque a parte de trás da bomba contra a parede de erva

Chimarrao 

  • Coloque a bomba até o fundo (de preferência bem próxima da parede de erva)
  • Ainda com o bocal tampado gire a bomba no sentido anti-horário (+ ou - 90 graus, até que a bomba fique reta)
  • Agora sim, pode retirar o dedão do bocal

erva1erva2
erva3erva4 

Finalizando


  • Vá para a pia da cozinha (ou fora de casa, nunca na janela do apartamento), puxe essa água e cuspa fora (é a primeira nunca é boa)
  • Agora se você quiser (e tiver) poderá despejar alguns chás, ervas, etc. na cuia e um pouco sobre a parede de erva para que você possa ir despejando quando desejar

Regras para tomar o chimarrão


  • A cuia é de uso comum, portanto não tenha nojo (claro também não vai oferecer para alguém que esteja com sapinho ou algo pior na boca)
  • Chimarrão não é igual tereré, logo não tente tomar toda a água em um único gole (isso é perigoso !! experiência própria). Tome com calma
  • Cuia também não é microfone. Não demore muito
  • Evite (melhor NUNCA) mexer na bomba. Em casos extremos, se a bomba estiver trancada gire-a um pouco para cada lado
  • Nunca deixe um chimarrão pela metade. Você sabe que o mesmo terminou através do tradicional ronco da bomba

Obs: Existem outras inúmeras regras, mas não iremos colocar aqui por falta de espaço no servidor
Obs2: A forma apresentada aqui é para quem é destro (acredite tem isso também), pois você irá segurar a cuia com a mão esquerda e irá completá-la com água com a mão direita (pense, a térmica é mais pesada que a cuia)

Preparando para o próximo


  • Geralmente sobra uma erva seca na parte superior da cuia, reserve um pouco
  • Jogue o resto da erva no lixo e passe uma água dentro da cuia (limpe bem)
  • Deixe escorrer um pouco
  • Jogue a erva que você reservou dentro da cuia e espalhe por toda a cuia
  • Faça isso toda vez, pois assim você curando a cuia e terá um bom chimarrão
  • Não esqueça de limpar a cuia quando for fazer um novo chimarrão. Isso pode ser feito raspando essa erva com a mão

Chimarrao

Autores


Ricardo (Gaúcho)